quinta-feira, 15 de abril de 2010

Solidão


Quero escrever o que não consigo dizer. Apetece-me abrir, como um livro em branco e a cada palavra uma emoção. Um significado, um pedaço de ficção tornado real. Sinto-me a desfalecer, como um sobrevivente num barco no meio de uma tempestade, onde sabe que só um milagre o fará sobreviver. Porque sou assim? Porque não consigo controlar-me, tento sempre algo com medo das pessoas não gostem mim. Não quis sofrer mais, por isso decidi afastar-me de toda a gente. Agora em vez de um coração tenho uma pedra. Difícil será pedir ajuda, mas porque fujo de tudo e de todos. Não enfrento os meus medos. Sempre a fugir, mas os problemas não desaparecem, apenas adormecem num sono leve. Continuamente dormindo, até um dia que acorda. Mais furioso, que um bebé com sono. Será que um dia vou acordar para a vida? Será que algum dia, vou deixar de fugir. De não precisar de me esconder por detrás duma máscara. Algum dia terei paz, comigo mesmo. Procuro o que? Escondo-me do que? Do sofrimento?! Mas senão sofrer não viverei, ficará sempre a angústia de poder ter feito algo mais, ser capaz de ter feito outra coisa para me mudar a mim. Então o que me falta? Não sei, não me conheço, e muito menos sei quem fui, sou ou serei. Sou um sentimentalista barato, daqueles livros que se compram, mesmo não sabendo o fim são todos iguais e terminaram de certeza da mesma maneira. Só muda o conteúdo, a forma do conteúdo é sempre mesma. Devo ser mesmo uma criancinha, não amadureci o suficiente. Não cresci em termos mentais. Se calhar não vivo, sobrevivo. Vou sobrevivendo, não questionando, não esticando a corda. Se calhar limito-me a seguir as pesadas dos outros. Em vez de ter uma personalidade própria. Se calhar também por ter mentido, muito a mim próprio agora já não sei quem sou. Perdi-me no caminho, e agora não sei o caminho de volta. Um circulo vicioso, onde já não se sabe onde começou e onde acaba. Ainda terei a tempo, de me encaminhar e não me perder de vez?
Alguém saberá me dar essa resposta e tantas outras que eu não sei. Talvez não tenha procurado bem, ou não tenho procurado nos sítios certos. O lamentar não me ajuda em nada, só faz com que tenha pena do que estou a ser neste momento. O frio passou, o frio que tinha quando comecei a escrever, mas o gelo dentro de mim, a angústia, a tristeza, o sofrimento continua. Não há alegria nos meus olhos, como num dia cinzento onde só chove. Em que a minha cara são as gotas, que caíram nesse dia de temporal. Onde o sol se escondeu, tornou-se cinzento, carregado. Não há cores vivas, mas sim cores mórbidas. Algum dia terei gostado de alguém realmente? Sim, apesar de tudo não sou assim tão frio. Da minha família, dos meus verdadeiros amigos, desses gostei. Então quando deixei de gostar? Quando deixei de ter interesse na vida? Quando passei a sobreviver, como um náufrago onde só ver mar e mar e mais mar. Mas acredito que sobreviverei, mas já não tenho a certeza de nada.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Recomeçar

Hoje eu vou recomeçar, vou tentar de novo e não olhar para tras. Vou da o melhor de mim e viver em paz, vou reler aquele livro antigo, vo mandar uma carta ao um velho amigo. Vou da bom dia ao um menino chato, vou da um pirulito a aquele menino mal criado, vou pegar meu ônibus lotado e não reclamar. Não vou chatear com o meu sofá velho, vou agradecer por ainda ter aquele chinelo velho. Vou sorrir para as pessoas vou cantarolar. vou fazer tudo diferente, vou comprar doces e levar para um doente...

Irei buscar a felicidade novamente !

Metamorfoses


Sofrer metamorfose, seja ela de que forma for, produz crescimento. Sendo assim, vale a pena, pois somos diariamente convidados a crescer.
Experimentar sabores, cores, sons e sentimentos é o que de melhor se pode extrair da vida. Crescer, sentir, metamorfosiar... isso nos faz ser gente. Nos faz deixar de ser algo e passar a ser uma nova realidade. Nova porque é surpresa, mistério, porque é o que não existia antes, ou apenas não havia nos sido apresentada.
O novo é sublime, mas ao mesmo tempo amedronta. E isso porque nem sempre estamos dispostos a abandonar as velhas cores, os velhos sabores, sons e sentimentos. Por vezes esse medo nos impede de ver que outros sabores podem ser mais dóceis, as cores mais intensas, os sons mais apurados e os sentimentos mais porfundos.
Aprender isso nos permite brincar de ser gente; falhos; fortes; certos; errados; mas sempre gente e em constante processo de metamorfose, de lapidação..